Há muito tempo, o bullying na escola deixou de ser visto como simples “brincadeirinhas” de crianças e adolescentes e passou a ser encarado como um problema sério, que precisa receber a devida atenção.
Essa prática pode trazer consequências graves para quem sofre com ele, desde baixo rendimento escolar e baixa autoestima até o surgimento de distúrbios mentais dos mais variados tipos.
E a Creche Jardim Ocêanico achou importante falar sobre esse assunto, já que ele também faz parte os cuidados com a saúde mental e prevenção ao suícidio.
O que é bullying?
O termo bullying é originado da língua inglesa. Bullying é o gerúndio do verbo “to bully”, que, embora não tenha uma tradução exata, pode ser entendido como “maltratar” ou “oprimir”. Já o substantivo “bully” significa “valentão”, “brigão”.
O termo, hoje, é compreendido como qualquer agressão física ou psicológica, que ocorre de maneira intencional, repetida e sistemática de uma pessoa ou grupo contra a vítima, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, numa situação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
Alguns tipos de bullying são mais fáceis de identificar, por exemplo, as agressões físicas. No entanto, outras ações também são consideradas bullying e trazem profundo sofrimento e consequências irreversíveis para a vítima, por exemplo: xingamentos, fofocas, exclusão social, apelidos, chantagem, intimidação e perseguição.
Segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), um em cada dez estudantes brasileiros é vítima frequente de bullying. Segundo a lei anti-bullying, criada em 2015 (Lei 13.185/2015), ele é considerado crime e é dever da instituição de ensino assegurar medidas de conscientização e prevenção.
Outro problema para a geração millennial é a ocorrência do cyberbullying, no qual as agressões acontecem virtualmente. O cyberbullying tem o agravante do aluno que é vítima não ficar livre do agressor nem mesmo fora da escola.
Como identificar casos de bullying na escola?
A não ser que o professor presencie uma situação clara ou escute uma confissão, identificar casos de bullying precisa de percepção e sensibilidade do professor, que pode até estar presente e não notar o que acontece com seus alunos na sala de aula.
Fazer treinamentos e palestras sobre o assunto com psicólogos especialistas pode ajudar a melhorar a detecção de casos na escola. Incluir ao máximo a família no âmbito escolar também contribui para ajudar a identificar casos de bullying.
É preciso estar atento aos sinais das vítimas, pois, geralmente, são crianças que se tornam ansiosas, inseguras e tímidas. Elas também podem, em casos mais graves, apresentar depressão, ou mesmo, cometer suicídios ou atentados, como vimos em alguns casos dentro e fora do Brasil.
O bullying precisa, em grande parte das vezes, além de um agressor e da vítima, de uma plateia também para acontecer. Afinal, um dos motivos que causam essa forma de violência é o agressor querer ser popular ou se reafirmar perante os outros. Observar os grupos de alunos é uma forma de perceber como eles se comportam e se podem estar sendo agressores, vítimas ou plateias desse problema escolar.
Como combater o bullying na escola?
Um ponto importante que pode ajudar no combate ao bullying é a boa comunicação entre alunos e professores, e dos alunos com outros segmentos da escola. Isso permite que os estudantes vítimas do bullying sintam que têm abertura para falar com os seus professores sobre as agressões que vêm vivenciando.
Ao ser identificada a ocorrência de bullying na escola, a gestão escolar deve ser comunicada imediatamente, pois, assim, poderá tomar as medidas cabíveis. Os pais, responsáveis ou familiares do agressor e da vítima também devem ser comunicados da situação para que possam tomar alguma atitude sobre isso. A escola deve estar atenta para repreender e punir os agressores, na medida certa, e prestar apoio pedagógico e psicológico para a vítima.
É essencial manter os registros de ocorrência atualizados, a fim de identificar focos de bullying e trabalhar para a sua resolução. No entanto, a medida mais importante da gestão escolar é a prevenção contra o bullying. Ela pode ser feita, por exemplo, por meio de palestras que conscientizem os alunos, jogos e atividades lúdicas, debates, peças teatrais, filmes e folhetos explicativos.
Como lidar com o comportamento quando o seu filho é o agressor?
Chame a atenção para o despertar do problema com você mesmo
É fácil dizer: “meu filho nunca faria isso” mas é importante reconhecer que alguém pode acabar sendo um idiota na situação certa. Em alguns casos, os pais podem ser rápidos em negar, porque os métodos modernos de bullying, como mensagens de texto e postagens online, podem ser difíceis para os adultos descobrirem.
Outra questão possível: muitos pais se condicionaram a uma cultura de xingamentos, gritos entre si ou entre irmãos em suas próprias casas, sem perceber o quanto isso está afetando seus filhos. As crianças levam muitas mensagens de casa. O que eles observam é o que provavelmente vai prevalecer.
Não importa quão chateado ou irritado você esteja com o comportamento, trate seu filho com respeito e dignidade
Seu filho pode ter errado, mas lembre-se que ele ainda é jovem, e é normal que crianças e adolescentes tentem diferentes identidades e comportamentos enquanto se desenvolvem. Seu filho não é o problema, o comportamento é. Por esse motivo, tome cuidado para não rotular seu filho como um valentão; em vez disso, chame calmamente o comportamento de bullying de maneira direta e clara e explique por que isso não é aceitável.
Reconheça sinais de que seu filho pode estar passando por uma situação de grande angústia
Em casos mais graves, crianças e adolescentes que intencionalmente intimidam outras pessoas podem estar machucando elas mesmas propositalmente. Pode ser necessária a intervenção de um profissional de saúde mental para determinar se uma criança sofreu abuso físico ou sexual. Em outros casos, um jovem pode estar enfrentando depressão, ansiedade, transtorno bipolar ou outra condição que exige intervenção profissional. O conselho é entrar em contato com o psicólogo da escola ou com o profissional de saúde mental designado como um ponto de partida confidencial.
Compreenda outras razões pelas quais jovens praticam bullying
Em casos menos graves – mas ainda preocupantes -, as crianças e adolescentes podem se envolver em comportamentos de bullying para obter atenção, se encaixar em um determinado grupo de amigos ou combater a baixa autoestima. Algumas crianças simplesmente têm personalidades assertivas e habilidades sociais limitadas. Os problemas subjacentes em jogo devem afetar a maneira como você fala sobre bullying com seu filho.
Bullying pode ser especialmente mais atraente em pessoas com alta inteligência emocional
Jovens com esse perfil podem ser rápidos em identificar “quem tem o poder, quem tem a popularidade, quem tem seguidores”. Às vezes, garotas confiantes em suas habilidades sociais usam essas habilidades para ser o centro das atenções em círculos sociais. Esse cenário pode levar meninos e meninas a pressionar outros jovens a usar drogas ou álcool, fazer algo de natureza sexual, ou envergonhar ou evitar outro aluno, por exemplo. Ao controlar o comportamento dos outros, você dita quem é que tem o poder.
Fique atento a jovens com potencial inexplorado de liderança
Às vezes, a prática do bullying pode ser frustrada se os jovens que têm habilidades naturais de liderança são redirecionados para atividades positivas. Ser capaz de fazer seguidores que possam praticar bullying também não é o modelo que queremos ver. Anos de prática de bullying podem levar a maiores taxas de depressão e transtornos de ansiedade posteriormente. O bullying não é nada bom para o bully.
Intervenção ao bullying funciona!
Desde que o jovem que pratica bullying por poder até a admiração (muitas vezes medrosa) dos demais, o encanto da intimidação pode ser quebrado se apenas um dos jovens deixar de ser um seguidor silencioso e cúmplice. Quando uma criança está disposta a dizer ‘basta’, é importante porque as crianças e adolescentes ouvem uns aos outros. Qualquer criança que se posicionar pode fazer uma grande diferença.
Prestação de contas é a chave
O bullying quase sempre provém de algum tipo de insegurança, e o ponto de virada do comportamento para esses jovens é a responsabilidade. Eles devem ser responsabilizados. Quando estes jovens precisam realmente olhar para si mesmos, eles não têm muito o que fazer a não ser mudar. Eles apenas têm que optar por olhar.
Discipline e restrinja apropriadamente.
Se, por exemplo, você descobrir que seu filho esteve envolvido em cyberbullying, tire privilégios de telefone e internet por um período de tempo adequado ao que foi feito. Verifique se você possui todas as senhas dos dispositivos e contas de mídias sociais do seu filho, para poder monitorar todas as atividades online – tenha certeza que o seu filho sabe que fará isso.
Ajude seu filho a consertar as situações.
Um pedido de desculpas a quem foi ofendido pode ajudar bastante a todos a se sentirem melhor e seguir adiante – mas, às vezes, um pedido de desculpas forçado pode ter um efeito inútil. Ainda assim, seu filho pode fazer algo positivo para transformar as coisas. Ele pode fazer uma festa ou jogar um jogo que inclui uma criança anteriormente excluída? Assar biscoitos para um grupo de estudantes que inclui o jovem que sofreu bullying? Faça um brainstorm de ideias que parecem certas, atenciosas e gentis.
Cultive a empatia.
Às vezes, um jovem não percebe como algo pode ferir o outro porque não é algo que incomodaria o jovem que disse ou fez. Diga para ele: “Você não gosta que façam isso ou aquilo. Pense em como você ficaria profundamente magoado se alguém lhe dissesse isso. Eles podem aprender a evitar apertar os botões emocionais de outras pessoas.”
A Creche Escola Jardim Oceânico, no Cachambi, Zona Norte do Rio de Janeiro, está sempre pronta para tirar as suas dúvidas sobre crianças e educação.